Dormir, talvez sonhar...

1.9.03

Eu tive um sonho esquisito e incômodo. Não gosto de sonhos incômodos, porque eu acordo no meio deles. Se forem incômodos e esquisitos, tanto pior, porque além de acordar no meio deles eu me mantenho desperto pensando a respeito. E aí preciso levantar da cama, ir ao banheiro, ir à cozinha, olhar pela janela, coçar a cabeça, ler alguma coisa... enfim, é um processo lento até eu conseguir limpar minha mente da idéia fixa que me é deixada por um sonho incômodo e esquisito. Mais ou menos como o que eu tive essa noite.

Então eu caminhava com uma boa companhia. E conversávamos sobre coisas bestas, porque eu odeio assuntos sérios. Falávamos de besteiras mesmo, as besteiras que eu gosto de conversar com ela. Coisas como filmes, música, livros, idéias, fatos, memórias. Enfim, nada importante. Caminhávamos de mãos dadas, como é nosso costume, às vezes eu passava o braço por cima do ombro dela, ela recostava a cabeça no meu ombro e assim ficávamos, em silêncio e sem nenhum constrangimento, porque não há constrangimento no silêncio entre pessoas que se conhecem bem.

E aí me apareceu alguém que já foi e não é mais. E aí olhou pra mim e pra ela. E, olhando pra mim e pra ela, começou a chorar copiosamente. E eu, sendo quem eu sou de verdade, porque nos sonhos o chip não guia nada e eu faço as coisas do meu jeito, peguei minha companhia e continuei andando. Vamos embora daqui, eu falei, porque odeio gente fazendo drama. E, cara, como eu odeio gente fazendo drama. Então eu caminhei com ela e viramos uma esquina. Não sei de onde a esquina surgiu, visto que antes caminhávamos entre árvores e grama, mas a esquina estava lá, e quem sou eu pra questionar um sonho? Então a esquina estava lá e viramos e ali estava outra. Não, não outra esquina. Outra que foi e que não é mais, e que, a exemplo da primeira, também começou a chorar copiosamente. Eu até poderia entender que a primeira chorasse copiosamente, porque era um treco um pouco mais intenso, mas com essa não, foi só gasto besta de tempo mesmo, e eu não faço a menor idéia de por quê ela chorava. Eu sorri, dei de ombros e segui meu rumo.

E a terceira me apareceu. Acho que nenhuma foi mais longe do que a terceira, e era lógico que ela chorasse, mas ela começou a rir, rir muito, rir descontroladamente. E aí a minha companhia chorou. Teve uma crise de choro descontrolado. E o som do choro de uma se misturava aos risos da outra, e o primeiro me deixava angustiado, enquanto o segundo me desconcertava, e minha vontade era sair correndo dali e...

...e aí eu acordei. Finalmente.

E fiquei sem dormir por quase uma hora, e ainda não sei que porra foi aquela.

Utopia dilucular
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