Dormir, talvez sonhar...

21.9.03

Sonhos sonhos são?

Não costumo lembrar de meus sonhos, talvez porque eles não sejam interessantes o suficiente para sobreviver à luz do dia. Um amigo meu, ao tentar me ensinar a técnica para reter os fiapos de sonho após o sono, me passou a seguinte dica: deixar sempre um bloco de anotações e uma caneta ao lado da cama, e tratar de anotar tudo imediatamente após acordar. Pois bem, dito e feito. No meio da noite acordei, ainda bêbado de sono, escrevi tudo que havia acabado de sonhar e mergulhei novamente nos braços de Morfeu. Cerca de cinco horas depois, quando levantei pra valer, procurei pelo bloco. Mas nem em sonho eu conseguiria entender o que queriam dizer aqueles garranchos dignos de caligrafia de médico. Desencanei da tal técnica.

Mas não posso deixar de invejar aqueles cujas tramas oníricas são dignas de Oscar. A Suzi, por exemplo, precisa um dia pôr no papel o sonho em que eu apanhei de tanta gente que os caras foram obrigados a fazer fila pra me dar porrada. Êta inconsciente violento o dessa menina! Mas enfim, pra não dizer que nunca sonhei nada de interessante, narrarei a seguir um que tive há alguns anos.

Estava eu subindo uma escada muito alta, tão alta que se erguia para além das nuvens. A certa altura, os degraus tornaram-se tão grandes que fui obrigado a escalar um por um a fim de continuar subindo. E assim o fiz, de degrau em degrau, até alcançar o cume. Só quando finalmente sentei para descansar e enxugar o suor que escorria da testa é que reparei: havia um elevador logo ao meu lado! Imediatamente após pousar meus olhos nele, o elevador abriu suas portas. Duas crianças, que não deviam ter mais do que cinco anos de idade, desceram dele. Nossos olhares se encontraram. Sem qualquer tom de malícia, censura ou gozação, elas apontaram seus dedos em minha direção. E então, sorriram para mim.

.Pensar Enlouquece. Pense Nisto.

14.9.03

Gotas de Sangue: "SONHOS 2, SHOW DA MADONNA

Primeira parte: eu dirijo o meu carro em disparada através de uma cidade. Estou acompanhado pelo Adriano. Destino: um show da Madonna. A hora do início do show se aproxima, e cada vez fica mais difícil percorrer as ruas da cidade, devido ao grande movimento de veículos. De repente, eu começo a entrar e sair de lojas com o carro, estilhaçar vidros e atropelar pessoas, tudo para chegar ao show.
Segunda parte: Assim que chegamos no show, sentamos em uma tábua suspensa por fios de aço e somos erguidos para o alto. Eu fico com muito medo de cair. Lá embaixo, Madonna aparece em um telão. O palco se estende por quilômetros e quilômetros e ela está tão longe que é impossível vê-la. Pessoas com binóculos e lunetas gritam e reclamam por toda parte. O Adriano deita-se na tábua e começa a dormir. O show é uma farsa.
Terceira parte: depois de um salto temporal, várias pessoas estão dentro de um ônibus comentando sobre o show. O ônibus segue em frente velozmente, e capota. As pessoas permanecem intactas, grudadas aos assentos. Ninguém morre ou se fere.
Resultado: o sonho me incomodou bastante. Durante o show, o medo de cair da tábua era bastante real, e a decepção por não conseguir ver a cantora também. Dentro do ônibus algo me incomodava bastante, mas infelizmente eu esqueci o que era.
"

1.9.03

Eu tive um sonho esquisito e incômodo. Não gosto de sonhos incômodos, porque eu acordo no meio deles. Se forem incômodos e esquisitos, tanto pior, porque além de acordar no meio deles eu me mantenho desperto pensando a respeito. E aí preciso levantar da cama, ir ao banheiro, ir à cozinha, olhar pela janela, coçar a cabeça, ler alguma coisa... enfim, é um processo lento até eu conseguir limpar minha mente da idéia fixa que me é deixada por um sonho incômodo e esquisito. Mais ou menos como o que eu tive essa noite.

Então eu caminhava com uma boa companhia. E conversávamos sobre coisas bestas, porque eu odeio assuntos sérios. Falávamos de besteiras mesmo, as besteiras que eu gosto de conversar com ela. Coisas como filmes, música, livros, idéias, fatos, memórias. Enfim, nada importante. Caminhávamos de mãos dadas, como é nosso costume, às vezes eu passava o braço por cima do ombro dela, ela recostava a cabeça no meu ombro e assim ficávamos, em silêncio e sem nenhum constrangimento, porque não há constrangimento no silêncio entre pessoas que se conhecem bem.

E aí me apareceu alguém que já foi e não é mais. E aí olhou pra mim e pra ela. E, olhando pra mim e pra ela, começou a chorar copiosamente. E eu, sendo quem eu sou de verdade, porque nos sonhos o chip não guia nada e eu faço as coisas do meu jeito, peguei minha companhia e continuei andando. Vamos embora daqui, eu falei, porque odeio gente fazendo drama. E, cara, como eu odeio gente fazendo drama. Então eu caminhei com ela e viramos uma esquina. Não sei de onde a esquina surgiu, visto que antes caminhávamos entre árvores e grama, mas a esquina estava lá, e quem sou eu pra questionar um sonho? Então a esquina estava lá e viramos e ali estava outra. Não, não outra esquina. Outra que foi e que não é mais, e que, a exemplo da primeira, também começou a chorar copiosamente. Eu até poderia entender que a primeira chorasse copiosamente, porque era um treco um pouco mais intenso, mas com essa não, foi só gasto besta de tempo mesmo, e eu não faço a menor idéia de por quê ela chorava. Eu sorri, dei de ombros e segui meu rumo.

E a terceira me apareceu. Acho que nenhuma foi mais longe do que a terceira, e era lógico que ela chorasse, mas ela começou a rir, rir muito, rir descontroladamente. E aí a minha companhia chorou. Teve uma crise de choro descontrolado. E o som do choro de uma se misturava aos risos da outra, e o primeiro me deixava angustiado, enquanto o segundo me desconcertava, e minha vontade era sair correndo dali e...

...e aí eu acordei. Finalmente.

E fiquei sem dormir por quase uma hora, e ainda não sei que porra foi aquela.

Utopia dilucular

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