Dormir, talvez sonhar...

17.1.03

O sonho:

"antes desse do email, eu tive um sonho muito estranho. muito. sonhei que tinha alugado uma casa nova (porque é que estou sempre mudando de casa em sonho??), e estávamos arrumando os móveis. uma mesa escapou da minha mão e bateu no chão.... comecei a ouvir um barulho estranho, um zunido misturado com trote, que começou baixinho e foi aumentando ensurdecedoramente... como se eu tivesse despertado algo que estava lá embaixo e esse algo foi subindo... foi quando vi, por buracos na parede... saindo aos milhares... formigas... aranhas.... lagartixas... cupins... como num filme de terror. o wolf pegou uma bombinha fleet e encheu de baygon líquido, sprayava num buraco e o veneno saia por todos os buracos, matando tudo, eles caiam no chão formando pilhas. eu chorava pelas lagartixas, pensava "que pena que não dá pra salvar as lagartixas". eu gosto de lagartixas. no sonho elas não só morriam com o veneno como quando comiam aranhas mortas envenenadas. depois fui visitar uma pessoa que tinha acabado de mudar pra um apartamento novo (arrgh mais mudanças!) e fiquei presa porque começou a chover torrencialmente. fui olhar pela janela e testemunhei um crime na calçada, fiquei olhando impotente, lá do alto. me senti mal. fui fazer comida então, e errei no macarrão."

A interpretação de All about Eve:

"Seu sonho revela que em uma encarnação passada (é óbvio, não poderia ser nesta) você foi a irmã caçula surda-muda do carrasco que desceu a guilhotina no pescoço da Maria Antonieta.

Sim, Rossana, os sonhos também podem revelar as várias encarnações da incansavelmente encarnante alma humana; o problema é que nem sempre a alminha traz tantos flashes encarnatícios como a sua.

A pista da encarnação passada veio da mudança de casa. Na cabala aristotélica rosa-cruz da tribo zulu peripatética dos n'ganga-bonga-uh, a alma muda de casa a cada corporificação. Como no sonho apareceram duas mudanças, e portanto duas encarnações para trás, caímos na França na década de 1790, graças a complicadíssimos cálculos cujo desenvolvimento não cabe mencionar aqui, até porque não é meu desejo ter concorrentes no pedaço, sacumé.

Uma mesa que escapa da mão e bate no chão faz bum. O que também faz bum é morteiro. Quem costuma soltar morteiro é traficante, em dia de chegada de uma partida de droga. A droga, por uma estranhíssima inversão, é sempre culpada de tudo (quando é evidente que quem não presta é o usuário). E quem mais, na vida, sempre leva a culpa de tudo, e em geral injustamente? A irmã caçula.

Começou a ouvir um barulho que terminou ensurdecedor... Ora essa, aí está: sua alma se lembrou do dia em que você ficou surda. Fim de papo.

Bom, essa história de despertar algo que estava lá embaixo e foi subindo... Remete imediatamente à kundalini, a tal serpente que, se devidamente desenrolada, leva ao nirvana e que a galera odara do tantra usa como desculpa para suas inumeráveis orgias sexuais. Lembramo-nos, então, de Baco. Que também era o deus do vinho. Vinho é feito de uva. Uva dá em cachos. O que também pode ter cachos é cabelo, embora atualmente as peruas prefiram aquela coisa esticada, dura, seca e opaca que elas acham que é cabelo liso e que antigamente a gente chamava de pixaim, vassoura ou cabelo esticado mesmo. Que há não muito tempo era conseguido com henê, pente quente e Neutrox, elementos que hoje, tempos mais bestinhas, viraram "henna", "chapinha japonesa" e "hidratante capilar". Você deve estar se perguntando o que diabos isso tem a ver com sua encarnação de irmã caçula surda-muda do carrasco que desceu a guilhotina no pescoço da Maria Antonieta. Eu respondo: nada. Me perdi na cadeia de associações e não consegui chegar a lugar nenhum. Passemos à próxima.

Bichos e mais bichos saindo de buracos na parede remetem a uma casa, se é que posso chamá-la assim, em que morei na minha infância, mas como isso não tem nada a ver com a sua vida (a não ser que sejamos almas gêmeas com uma ligação cósmica-encarnatícia de que eu não suspeitava), vamos esquecer minha atribulada vida infantil. No caso de seu inconsciente contaminado por variadas encarnações, tais animaizinhos incompreendidos remetem a filmes de terror, como você mesma se lembrou (se está pensando em fazer concorrência a mim nesta seara, pode tirar o cavalinho da chuva que eu tenho patente e te processo!), e em filmes de terror a mocinha sempre grita. Quem muito grita fica rouco. Se gritar muito mesmo, estoura as cordas vocais e fica mudo. E aqui está outro aspecto de sua triste encarnação passada.

Wolf, e aqui dou um exemplo de minha insuperável poliglotez, é lobo em inglês. Bem como em alemão. Mas isso não tem a menor importância. O que importa é que Wolf foi o algoz dos pobres bichinhos, e algoz é o mesmo que carrasco. Mais um elemento de sua encarnação passada.

Os bichos caíam, formando pilhas no chão, e você chorava pelas lagartixas. Esta também está muiiiito evidente, cara Rossana. Como já sabemos que o sonho se refere a uma encarnação francesa da década de 1790, e nesta época a pena de morte era a guilhotina, a relação é clara. Guilhotinas caem. Os bichos caíram. Guilhotinas funcionando a todo vapor formam pilhas de cabeças naquela intressante cestinha que recolhia tais partes perdidas do corpo do pobre sentenciado. Os bichos formaram pilhas pelo chão.

Foi visitar alguém que havia acabado de se mudar, chovia torrencialmente, ficou presa, testemunhou um crime, errou no macarrão. Tenho de confessar que essa foi complicadíssima. Levou-me a dias e noites insones de meditação em Maha Janushirshasana, e Deus é testemunha do estado em que ficaram meus avantajados e lânguidos glúteos depois de tal esforço. Ainda estou manca do pé esquerdo e com uma certa ardência no palato mole. Mas concluí, e isto é inquestionável, que: chuva torrencial remete a trovões. Trovões lembram canhões, que são usados nas guerras e nas revoluções. Ficaremos com a revolução, afinal estamos na França da década de 1790. Ficou presa; onde, na Bastilha? Hmmmmm. Que interessante. Testemunhou um crime. Na época, foram muitos, em especial perpetrados contra o povo pela monarquia absolutista. Hmmmmm. Que interessante. Errou no macarrão? Que coma brioches! ARRÁ! É isso! Maria Antonieta!

Agora terei de recuperar corpo, mente e espírito para mais uma perigosa jornada pelo inconsciente tormentoso dessa gente pudica que nunca sonha com sexo, mas que merda. Eu quero um sonho erótico, ô! Vamos sonhar obscenidades, gentem!"

All A.E., todo mundo sonha com obscenidades. mas ninguém conta. mas quando eu sonhar a próxima eu te conto. prometo.
:-)))
Obrigada pela interpretaçào, saber que fui a irmã caçula e surda-muda do carrasco que desceu a guilhotina no pescoço da Maria Antonieta está me ajudando muito a entender porque eu sou como sou.
:-P

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